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Ora como a constituição portuguesa prevê, no seu nº1 do artigo 157, "os Deputados não respondem civil, criminal ou disciplinarmente pelos votos e opiniões que emitirem no exercício das suas funções. " Pelo que, o deputado PND não poderia ser suspenso pelo opinião que proferio, apesar de difamatória e a meu ver lamentável, devido à imunidade que goza pela Constituição da República. Ainda, só quando for movido procedimento criminal contra algum Deputado, e acusado este definitivamente, é que a Assembleia decidirá se o Deputado deve ou não ser suspenso para efeito de seguimento do processo, sendo obrigatória a decisão de suspensão quando se trate de crime doloso a que corresponda a pena de prisão superior a três anos e em flagrante delito, segundo o nº 4 do referido artigo 157, conjugado com os números 2º e 3º. Ora, o que aconteceu é que a Assembleia decidiu de imediato suspender o deputado em questão, o que está mais que visto que esta decisão por parte da Assembleia está ferida de inconstitucionalidade. Mais, não só deputado do PNR, como os restantes deputados estão a ser impedido de exercer os seus deveres consagrados na constituição pelo artigo 159, devido à decisão dos deputados do PSD-Madeira de suspender as sessões plenárias da Assembleia até o tribunal decidir sobre a queixa-crime contra o deputado do PND, pondo em causa a votação do importante Orçamento de Estado para 2009.
Face a isto, levantaram-se logo as vozes da oposição do governo Madeirense, que como se sabe é PSD. Ricardo Rodrigues, vice-presidente da bancada parlamentar do PS, pediu a intervenção de Cavaco Silva. "O Presidente da República tem o dever de garantir o regular funcionamento das instituições. Como tal, deveria ter uma palavra a dizer sobre essa matéria. A Madeira é um mau exemplo de regular funcionamento das instituições democráticas". Tal como, também do PS, madeirense, o senhor Jacinto Serrão: "O Presidente da República tem de intervir. E ou consegue pôr a Assembleia Legislativa a funcionar dentro da legalidade democrática ou então dissolve. Não tem outra solução". Não estou em desacordo, aliás é realmente a solução que o senhor Presidente da República tem entre mãos, e o que sucedeu na Madeira, como já defendi antes, é um autêntico atropelo às instituições democráticas. O que me espanta (ou já não) é a prontidão e a hipocrisia de virem agora correr chamar o senhor Cavaco Silva e pedir a dissolução da Assembleia Legislativa da Madeira, quando à cerca de duas semanas, o PS aquando do Estatuto dos Açores, o qual o PR não só o vetou como também referiu que este colocava em causa o regular funcionamento das instituições democráticas, assobiaram para o lado e disseram não haver motivos para tal veto, nem para tal correção do Presidente da República. Se o PS manter a sua posição quanto ao Estatuto dos Açores, caro Prof. Cavaco Silva, está como muito bem referiu em causa o regular funcionamento das instituições, pelo que quando o assim é, até os senhores do PS estão de acordo, já sabe o que há a fazer....
Esta histeria em defesa do deputado do PND pelo PS, infelizmente, mais parece não ser por estar realmente em causa o regular funcionamento das instituições democráticas e um verdadeiro atropelo à democracia, mas sim, apenas porque é uma forma "mortal" de ataque à oposição (PSD-Madeira) que tem a maioria na assembleia legislativa da Madeira. Enfim...
Estamos fartos desta política de enxuvalhar da oposição contra o Governo e vice-versa. De autênticos insultos na Assembleia Legislativa, em vez de se discutir os nossos problemas. Não estão no Governo, nem nas Assembleias, nem nas Câmaras Municipais, para outra coisa senão exercer o poder de governar que lhes foi atribuido pelo povo. O poder político pertence ao povo( artigo 108 da CRP). A utilização destas instituições e dos cargos que exercem como uma autêntica feira de vaidades e de resolução de conflitos pessoais, está completamente desfasada de qualquer ideia de Estado Democrático e de servir o Povo. Deixem de olhar para os vossos umbigos, e governem! Recomendo a voltar, aqueles que alguma vez o tenham feito, a pegar nos livros de Ciência Politica, de Direito Constitucional, ou por vezes naquele livrinho que não tem muitos artigos, a Constituição da República e percebam que desde logo : a "República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular", o Poder está no Povo, o governo, os deputados, os Presidentes de Câmara, de juntas de Freguesia e por ai fora, apenas representam o poder do Povo. Estão lá para defender os NOSSOS interesses, os NOSSOS direitos, não como já referi os seus próprios. Se forem ver o artigo 9º da referida Constituição, que consagra as tarefas fundamentais do Estado, verão certamente que nenhuma, e repito, nenhuma ultrapassa os interesses e direitos do Povo. Não se encontram lá, como podem ver (para muitos talvez pela 1ª vez) que não existem como tarefas fundamentais os vossos interesses, nem o tamanho dos vossos egos. Especial chamada de atenção aos deputados da Assembleia da República: "A Assembleia da República é a assembleia representativa de todos os cidadãos portugueses", e incrivelmente, não existe um dia em que eu ( e certamente os milhões de Portugueses) me sinta representado, uma vez que raramente vejo os meus interesses e direitos em debate, mas sim muitas vezes apenas discursos centrados em ofensas pessoais e questões partidárias entre os deputados da Assembleia e o Governo.
Queremos um governo que realmente governe e uma oposição que face também uma verdadeira oposição, e que não andem ambos, a brincarem com o Povo que representam.
Um Governo que represente verdadeiramente os Portugueses - que se encontre ao serviço deles- implica como diz Barack Obama no seu livro a Audácia e Esperança, outro tipo de política, que "terá de reflectir as nossas vidas tal como estas são de facto vividas. Não será pré-fabricada, pronta a servir. terá de ser construída a partir do melhor que temos nas nossas tradições e terá que dar conta dos aspectos mais negros do passado" ( no nosso caso, por exemplo a ditadura do Estado Novo). " Teremos que perceber como chegámos aonde chegámos, a esta terra de facções em guerra e ódios tribais" ( Governo e Oposição). " E teremos de nos lembrar de tudo o que partilhamos, apesar de todas as nosas diferenças: esperanças comuns, sonhos comuns, um laço que não se quebrará."
A esperança é sempre a última a morrer.
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