
A constituição portuguesa, coloca o PR como orgão de soberania e Comandante Supremo das Forças Armadas, ao qual cabe, segundo o diposto no artigo 120º da CRP, garantir a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas. No entanto, em termos legislativos, o orgão de soberania, chefe máximo do Estado, vê o seu papel reduzido praticamente a mero "come e cala" ( perdoe-me a expressão).
Em termos de competências legislativas, isto muito abreviado, o PR tem o poder de promulgar ou vetar um diploma( sejam decretos-regulamentares, decretos-lei, leis). Até aqui muito bem. No entanto, basta estarmos num governo com a maioria absoluta representada na Assembleia da República( outro orgão de soberania) que mesmo que o Sr. Presidente vete o diploma, ele volta à assembleia e como o governo tem a maioria absoluta na assembleia, o diploma é novamente aprovado e volta exactamente como estava ( se alterarem alguma coisa, o PR pode vetar de novo) para as mãos do Chefe de Estado, para não ter outra solução senão baixar a cabeça e promulgar o diploma e mandar publicar em Diário da Republica.
Ora, desde que Srº Prof. Anibal Cavaco Silva é Presidente da República já utilizou este seu poder/dever por seis vezes. Mais recentemente em Agosto, foi utilizado quanto à (muito criticada) lei do divórcio, na qual o Sr. Presidente fez duras criticas ao diploma, Mais recentemente, já este mês , quanto à crise que o país está a viver, o PR disparou duras criticas ao Governo, o que pareceu ser o azedar das relações entre o Presidente e o Governo de José Socrates.
Ontem, como já se esperava o PR vetou o novo Estatuto dos Açores, mas desta vez utilizou palavras que não foram utilizadas ao acaso. Considerou que o novo Estatuto, limita de forma "intolerável" e "inadmissível" os poderes do Parlamento e diz ainda que está em causa o"normal funcionamento das instituições". Ora, como já referi, estas palavras não foram proferidas ao acaso. Certamente farto de vetar diplomas e ver o governo simplesmente assobiar para o lado, Cavaco Silva, utiliza a maior arma que tem ao seu dispor, mas também a potencialmente mais gravosa para o País, a demissão do Governo e consequente exoneração do primeiro Ministro, convocando de seguida eleições antecipadas.
Este poder/dever consagrado constituicionalmente na alinea g) do artigo 133º da CRP, está limitado a tal situação se tornar necessária para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas, e ouvido o Conselho de Estado.
As palavras já foram proferidas nesse sentido por Cavaco Silva mostrando desta vez um sinal de intolerância. O PR frisou com toda a intencionalidade que quanto a esta questão está em causa "o normal funcionamento das instituições".
O PS comunicou entretanto a intenção de nada alterar na proposta do novo Estatuto, mantendo a sua posição " de come e cala", posição aliás assumida ao longo de todo o mandato, que pode ser descrita numa palavra...arrogância!
Mas o PR, também deixou uma mensagem à Assembleia da República ( AR) para mudar o sentido de voto dos deputados não PS : "A Assembleia da República procedeu a uma inexplicável autolimitação dos seus poderes", a fazer aprovar um artigo pelo qual o Parlamento só poderá rever futuramente no Estatuto "as normas que a Assembleia Legislativa da Região pretenda que sejam alteradas e que, como tal, constem da sua proposta de revisão".
O PCP, pela voz do lider da bancada, Francisco Coelho, já demonstrou que poderão já mudar o seu voto na próxima votação do diploma na AR, alegando para o efeito que os motivos do veto presidencial são "pertinentes".
O PSD açoriano afirmou, através de um seu vice-presidente, José Manuel Bolieiro, que a atitude do PS é de "afrontamento", o mesmo deve ter achado o PR para ameaçar deixar cair a sua dominada " bomba atómica".
A paciência tem limites, e o Presidente da República parece ter chegado ao fim da sua. Um Chefe de Estado tem a sua dignidade, honra e ocupa uma posição muito importante na governação do Estado Português, algo que o actual Governo, representado pelo Eng. Socrates, não parece querer saber e assobia para o lado sempre que o PR fala.
Prof. Anibal Cavaco Silva, Sr. Presidente, os meus parabéns pela firmeza das suas convicções. Por estar a servir o Seu (nosso) País da forma possível que a Constituição da República Portuguesa permite a um Presidente da República servir o seu país, esfaziando-o de poderes.
Seja firme nas suas convicções, o País agradece.
Sem comentários:
Enviar um comentário