terça-feira, 31 de março de 2009
Não dá para...
segunda-feira, 30 de março de 2009
"O meu mundo" by Daniel Silva
Sinais de trânsito pessoais com semáforos intermitentes. Mostramos risos escancarados e absolutas verdades, mas temos a vida para alugar. Quanto custa a renda? Quem lá habita? Pensamos que não temos anexos nem quartos disponíveis que não os que conhecemos. E um dia um inquilino sai de dentro de nós e interpela-nos. Pergunta-nos muito a sério onde temos estado, por que sítios da casa vagueamos, ou porque nos ausentamos dela. Quem cultivamos? Ervas daninhas que encontramos nas sorridentes estradas e campos da vida, onde entornamos copos de alegria com amigos, ou aquele jardim que de quando em vez se magoa tanto que nos fechamos num recanto, num pedaço de uma enorme sala. Quem era a sala? O nosso mundo? Ou seria uma janela pequenina aberta sobre um monte? Ou sobre um mar que transporta para nenhures?
Qual é o teu mundo? Qual é o meu? O que é o mundo? Esta ficção cognitiva? Este interpolado êxtase de claridade? Que trilhos percorremos, e que estradas seguimos. Que estrelas nos guiam e em que céus acreditamos? Que certezas temos nós na relatividade das coisas?
O meu mundo está cruzado. Em stand by. À espera de mim mesmo. Estou hipotecado? Não sei. Sou livre? Presumo. Mas o que é a verdade? E, de repente, dois, três, vários mundos cruzam o meu. Explosões humanas, partículas do agora. E depois? Haverá futuro? Ou a noite silente e amiga ficará vazia até chegar o dia opulento? Mas o que tem o dia? Fulgor? Brilho? Não é esse o meu mundo. O meu mundo é um grito suspenso, um livro inacabado, um pensamento recorrente, uma ficção que sonha alto e saindo do nada se metamorfoseia, qual errante sonâmbulo de uma vida que não tem. Ou julga ter. Depois danço. Os véus cobrem-me o rosto e sorrio. Meneio as mãos, a cabeça, o corpo ao ritmo de uma dança desigual. É um concurso? Uma competição? És muito melhor do que eu. Mas não és eu. Já olhaste para as horas? Não, tonto. Para as horas da vida. Julgas-te omnipotente com tanto mundo por descobrir? Qual mundo? O meu? Já me conheces? Julgas conhecer? Porque não te aventuras? Ha mundos que não se cruzam por pensarem como tu. Quantas galáxias de pessoas não conheces tu só porque não têm o teu cheiro? Quantos momentos perdes só porque conheces os teus? É esse o teu mundo? Uma redoma transparente como um animal no zoológico? Por onde vais? Por onde caminhas? Ou rastejas? Ou nem sequer sonhas que tudo isto te diz o inquilino. E quem é ele? O teu verdadeiro eu? Quem arrendou a casa? Mas tu pensas que é habitação própria. Será? Talvez. Não sei. Como não sei qual é o meu mundo. Só sei que na intersecção de varias estradas muitos outros mundos se atravessam. E qual deles és tu? Qual é o teu mundo? Há mundos parecidos, dizem que também os há paralelos. Mas o teu? Qual é afinal o teu mundo?
O meu não é feito de poesia. Viria o inquilino perguntar-me "porque dormes acordado? Não vês que te posso roubar com essas distracções"? E então perplexo, sento-me no sofá da vida e penso: Tens razão. Isto não é poesia. nada disto é poesia. São sinais (des)codificados em palavras. E saberei eu mesmo interpreta-los? Terei de recorrer a algum egiptólogo ou intérprete historiador?
E a música vem, invade-me, leva-me para longe, solta-me, faz-me quebrar o feitiço do pensamento porque não é poesia. Não gosto de sorrir como quem vê um filme e de seguida acorda de novo para a luz, com a rotina dos transeuntes na rua a passarem indiferentes àquela hora e meia ou duas de filme. De um outro mundo. Do meu mundo. Naquele momento. Como uma canção que me faz vibrar até dançar com todo o rimo que posso e transpirar a emoção deixando-a no ar até que alguém tenha a sensibilidade de a entender. E terá? Os sinais podem ser mal interpretados. Hieróglifos? Chamamos de novo o egiptólogo? E se o mundo não for o do Egipto? E se for apenas da Antiga Historia? Aquela da infância que nem tu conheces? Lembras-te? Lembras-te de sair de um reconfortante recanto que te alimentava em crisálida? E depois cresceste e já eras homem, mulher, ser humano, que isto do sexo é muito relativo? Qual é o teu sexo? Masculino,feminino, neutro? É mesmo? tens a certeza? E o teu mundo? Também se esquadrinha assim?
Autonomias. Independências. Períodos transitórios. E de repente já está. Mostras o teu mundo. Composto. Adulto ou a caminho. Arejado. Limpo. Receptivo. Poderoso. Achas? Já te esqueceste dos semáforos e das encruzilhadas a cada esquina? Está mais atento. Mais livre. Compromete-te mas não te dês a certeza que nem a certeza tem. Que sabes tu do mundo? E do teu? Que sei eu do meu mundo? Mais do que lhe posso dar. Menos do que me atura a mim. O meu mundo? Queres saber qual é o meu mundo? O meu mundo é o meu nome. A minha história. Tudo o que esta ainda por escrever. Por viver. Por sentir. E se balas de canhão me atravessarem, estarás cá tu então para cuidares de mim? Mas e se não me conheces? E se não fizeste por isso? Porque havia de cuidar de mim? E como? Queres mesmo saber qual é o meu mundo? Queres pegar-me ao colo e levar-me morto em teus braços para perceberes que afinal a nossa responsabilidade é maior do que a que pensamos? Não ha homens nem mulheres. Ha pessoas. E tu? És pessoa? Sabes cuidar delas? Sabes cuidar de ti? Quantas feridas virás a ter? Muitas? Poucas? E dor? Quantas partos de dor virás tu a ter? Não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe, dizem. Que bom. Sopram-me isso ao ouvido e fazem-me regressar aqui. À casa. Ao corpo. Ao olhar. À voz. Daniel, qual é o teu mundo?
Estremunhado, acordo. Ominoma, o que foi? Que se passa?
Perguntava-te qual era teu mundo. Tens ate sexta feira para escreveres um texto... Dass...
É tempo de...
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...
Que já têm a forma do nosso corpo ...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares ...
É o tempo da travessia ...E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ... para sempre ...À margem de nós mesmos..."
Fernando Pessoa
Obrigado Dianinha, é tempo de fazer uma "fuga com arte" :)
Sabes que...
no trabalho recebes uma chamada de Inglaterra e ficas uns bons 10 minutos ao telefone a discutir uma matéria e depois de leres o email que pediste para essa pessoa te enviar percebes que o assunto é de arte Heraldica e tua área é o Direito do Ambiente....
sexta-feira, 27 de março de 2009
"O meu Mundo..." by Dianinha
O meu mundo é pintado por cores (havendo sempre uma cor preferida), tem uma máquina para fazer bolas de sabão, as paredes são de algodão e chão de esponja lilás. No tecto à noite brilham pirilampos e de dia brilham sorrisos.
O meu mundo é barulhento. Ouvem-se vozes e segredos. Ouvem-se gritos de alegria e gritos mudos. Ouve-se música em vários tons. Ora em lá bemol. Ora em ré sustenido. Ouvem-se poemas, palavras e versos. Escrevem-se entrelinhas e silêncios que só alguns percebem. Tudo se ouve com os olhos, com a boca, com o nariz, com as mãos.
Hoje é assim o meu mundo - não é perfeito, estável, concreto, abstracto, organizado, fechado ou aberto – mas amanhã pode ter outra forma qualquer porque o meu mundo só faz sentido pelo sentido com que ele é vivido.
Posted by Dianinha
Imagem: Deviantart, Ressiane
Desafio 1# ( Lançamento)
quinta-feira, 26 de março de 2009
Desafio (uma espécie de esclarecimento)
Mas, como já expliquei acho que todos aqueles que me seguem e que agradeço imenso o facto, e também aqueles que apenas passem por cá de vez em quando ou mesmo acidentalmente também podem ter algo a dizer e então alarguei horizontes e fiz uma primeira regra:
1. Qualquer pessoa pode participar.
E depois começaram as dúvidas, claro. O pessoal queixa-se de burocracias, mas português que se apanhe sem regras para cumprir (ou transgredir) fica desorientado. E faz logo muitas perguntas, à espera de haver uma certa burocracia senão isto não tinha tanta piada, certo?
Ora então obrigaram-me a criar regras para este desafio e aqui ficam elas e depois não se queixem.
2. O post escolhido por mim, irá sair à sexta-feira de manhã e por isso tem que estar na minha caixa de email até quinta-feira à noite (que é quando eu vou escolher um)
2.1 A publicação dos post´s será semanal e a duração do desafio será consoante o número de pessoas que enviarem.
Se enviarem 4 terá a duração de quatro semanas se enviarem muitos até posso alargar a publicação dos textos para a segunda e sexta. Os que eu gostar mais são publicados primeiro
3. Podem enviar os vossos textos até dia 03 de Abril, sexta-feira( inclusive, para não haver mais dúvidas:P)
4. O tema é " O meu Mundo..." ( escrevam e comecem como quiserem)
5. Não sei mais o que burocratizar por isso, parece-me bem que:
5.1. A lingua dos textos tenha que ser em latim ou aramaico
5.2 .O texto tem que conter exactamente 5555 caracteres (sem espaços)
5.3. Ter um sumário (Ing/PT), ter keywords (Ing/PT),Bibliografia por ordem alfabética.
5.4. Font Arial 12
5.4. Terminar o texto com: "O Ominona é o blogger mais fixe de Portugal, quiçá do mundo inteiro"
E mais não digo e não respondo mais a nenhum email é que tanta gente a enviar emails a perguntar se podia ir lá casa e que se não me importava já que lá estava, se podia ir despejar o lixo...enfim. Eu sei que custa ir despejar o lixo, mas era desnecessário inventar que queriam participar no desafio só para lhes despejar o lixo.
Abraços e beijinhos e aguardo os vossos textos.
Agradço desde já àqueles que participaram e aqueles que demonstraram vir a participar.
quarta-feira, 25 de março de 2009
Sabes que...
segunda-feira, 23 de março de 2009
Desafio!
Já estão vocês aí já a chamar-me Lucílio Baptista para eu vos contar em que consiste o desafio, mas fogo também não é preciso logo ofender, tenham calma.
sexta-feira, 20 de março de 2009
O caminho traçado, mas por quem...?
Sirvo mais umas caipirinhas, caipiroskas e caipifrutas. Elas vão saindo ao ritmo da música, como estivessem também ali a desfrutar o momento, lentamente, a sugar o sumo da vida....
Não, este não é o meu dia a dia, porque como apipocamaisdoce comentou neste post da Leididi , a culpa é minha, e “no fundo, de todos os que se queixam e não fazem nada para mudar” e fazerem algo diferente com as suas vidas.
Somos uma geração de desencantados, mas também de conformados. Alguém nos disse que a vida são como as linhas dos comboios, duas linhas paralelas, sempre com a mesma distância e nós seguimos as, nunca nos afastamos daquela distância estipulada.
Acordamos e grande parte da vida já nos passou ao lado e não é nada daquilo que imaginamos.
Eu não quero seguir aquelas duas linhas, quero fazer o meu caminho, abrir horizontes. No fundo andamos a viver a vida que alguém planeou para nós.
Não quero estar preso a uma “série de compromissos e obrigações às quais não podemos virar as costas” porque alguém se lembrou que sim, que temos que seguir esta vida.
“Mas a vida é assim ominona, toda a gente tem que ser assim. Porquê? Porque já era assim muito antes de ti. Não vais ser tu que vais mudar!"
Será que depois já estamos estão “desencantados” que aceitamos e seguimos os carris e nos conformamos com aquele trabalho de “merda”, porque tem que ser que existem contas para pagar?
Será que temos que nos precipitar todos a casar, porque se tivermos solteiros e curtir a vida, nós somos uns encalhados infelizes e temos problemas?
Não estaremos todos iludidos que vivemos algo que já está tão entranhado na dominada "vida" que para nós viver é seguir o que está estipulado. O que é normal se fazer?
Será que eu consigo ver tudo isto e deixar de estar num gabinete com ar abafado, som das moscas e de uma chefe a dizer que “isto é urgente ominona” ao mesmo tempo que diz que mais 10 coisas são urgentes e têm que estar prontas hoje?
Ou será que deixo esta merda de vida que não fui eu que defini, ganho coragem e realmente começo a viver a minha vida e fazer aquilo que quero e não a vida que toda a gente segue?
Não sei, mas hoje, enquanto estou aqui com o ar viciado do ar condicionado e no meio de papeis e mais papeis, alguém quebrou o que está definido como vida e esta curtir o seu sonho...
Estou...
sim, sim...é isso mesmo que estão a pensar: "Ominona, pões-te a ir todo nu despejar o lixo e ir à mercearia e depois constipaste" .
Para além de ter sido proibido de entrar na mercearia aqui da rua, por a dona já ter que ter um porteiro a pedir consumo minimo para entrar ( duas batatas e um pacote de arroz) por causa da estranha quantidade de mulheres que acorrem à mercearia, os homens da EMAC ( recolha do lixo) deram-me um enxerto de porrada porque estranhamente as mulheres deles começaram a querer ir fazer o turno com eles quando passa na minha rua...e a culpa é minha dizem eles!
Mas porque é que isto só me acontece a mim?
Abraço e beijinhos, é bom estar de volta:)